A bacia de Vila Real e do rio Corgo estão intimamente ligadas aos barreiros, evidenciados na toponímia e nas memórias dos locais de extração e produção cerâmica, como a Barroca em Vila Marim, a zona baixa de Lordelo e especialmente as Minas de Parada, conhecidas como Telheira, associadas há séculos à extração de argila

e à operação de uma indústria de telhas e outros artefatos, incluindo olaria artesanal. Nesta localidade, a coluna sedimentar termina em três níveis, com 50 metros de profundidade, abrigando galerias e minas para extrair argila de excelente qualidade, depositada ao longo de milhões de anos, em uma litologia arenosa e argilosa. As características mineralógicas incluem quartzo, caulinite, ilite, microlina, abite e montmorilonite, com semelhanças marcantes em relação às argilas da veiga de Chaves, devido à inserção na mesma falha geológica que conecta Verin a Penacova.

Os oleiros de Bisalhães passaram a buscar a argila aqui quando a extração em Parada de Cunhos cessou. A argila extraída era transportada inicialmente à mão, posteriormente em carroças de bois e, mais tarde, em caminhões. Em seguida, era espalhada para secar em uma eira ou largo. Após a secagem, iniciava-se a difícil etapa de picar a argila em um pio redondo de granito com um malho de madeira, geralmente realizada por mulheres. Seguia-se a peneiração e amassamento com água, processo semelhante à preparação de massa de pão.

O resultado era uma pasta bem misturada, elástica e suave, pronta para modelagem e acabamento. Era dividida em porções chamadas “beloiros”, protegidas por uma cobertura isolante e periodicamente umedecidas com água dos “augueiros” para manter a textura e plasticidade. Conforme necessário, porções da argila amassada eram retiradas para serem moldadas pelo oleiro na roda. As peças eram deixadas para “arear”, perdendo parte da umidade, permitindo o desenvolvimento de trabalhos decorativos com o “gogo” (pedra arredondada de rio) que adornavam as peças.

Com o tempo, as produções e vendas passaram para a Estrada Nacional (EN 15), e o transporte da argila preparada era feito pelas mulheres à cabeça ou aproveitando alguma carona.