Entretanto, no caso do centro oleiro de Bisalhães, para além dessa representação identitária, houve ao longo dos séculos uma associação a aspectos evolutivos significativos. Os artesãos, com sua experiência e sabedoria, souberam inovar de maneiras que se revelaram cruciais para a sustentação dessa atividade em uma região granítica, desprovida de jazidas de argila. Essas inovações podem ser divididas em duas vertentes: tecnológica e comercial.
No âmbito tecnológico, houve intervenções na roda, como a adição de pequenas pombinhas, tornando o trabalho do oleiro menos árduo. Além disso, foram introduzidas esferas ou rolamentos que facilitaram o movimento rotativo da roda. No que diz respeito ao forno, houve uma evolução com a separação deste em duas câmaras, divididas por uma grelha robusta de ferro, isolando a parte de combustão, ao nível do “peão”, da parte superior, onde as peças eram colocadas para a cozedura. No aspecto comercial, ocorreram mudanças significativas a partir da segunda metade do século XX.
Os oleiros passaram a vender seus produtos ao longo da Estrada Nacional 15, entre Arrabães e Vila Real. Isso trouxe uma animação notável à paisagem e popularizou os barros pretos em terras distantes. Houve inclusive casos em que as rodas foram deslocadas para ficar mais próximas dessa via importante. Um forno chegou a ser instalado junto à estrada. Com essa transformação, o sistema de transporte da cerâmica mudou, passando a ser feito por carrinhas, eliminando a penosidade do antigo modelo onde as mulheres dos oleiros eram as principais responsáveis pela distribuição.
A instalação dos espaços de venda à entrada de Vila Real marcou uma mudança definitiva no modo como a cerâmica era comercializada. Esse novo modelo permitiu aos oleiros conciliar a produção e a comercialização, estar mais próximos da cidade e melhor integrados com os mercados e as principais vias de comunicação.