O sistema de venda ocorria à porta, intermediado por agentes nos mercados de Vila Real (às terças e sextas-feiras), da Régua e de Vidago, assim como nas aldeias e lugarejos entre os rios Teixeira, Tua e Douro, e nas encostas das Serras do Marão e Alvão. Havia também uma presença marcante nos territórios do Douro Sul, abrangendo áreas até Penude, Lamego, Armamar, Tabuaço, S. João da Pesqueira, Pinhão, Alijó, Sabrosa e Terras de Basto. No entanto, o principal foco comercial estava concentrado na região do Alto Douro Vinhateiro, à qual esta atividade parece ter estado intimamente ligada em termos de expansão e crescimento. O meio de transporte predominante era a pé, geralmente conduzido pelas mulheres. Elas estabeleciam redes de relações e simpatias, criavam laços de amizade, contavam com pessoas de confiança em cada localidade para as quais entregavam mercadorias, recebiam refeições, pernoitavam em lojas, palheiros e outros anexos, e prosseguiam a viagem no dia seguinte.
O uso do comboio também era uma opção para envios destinados aos mercados da Régua, Pedras Salgadas e Vidago, onde promoviam especialmente a loiça fina, um diferencial que os distinguia das produções do centro oleiro de Vilar de Nantes. Isso era uma estratégia para conquistar o mercado termal que florescia nessas localidades. A proximidade com Vila Real parece ter sido crucial para o impacto deste centro oleiro, devido à estação ferroviária próxima, aos mercados regulares e, sobretudo, às festas anuais que decorriam em junho, desde Santo António até São Pedro.
Durante esse período, atingia-se o auge do ciclo anual da produção de cerâmica, culminando na feira, um vasto mercado realizado no largo da Capela Nova, onde se concentrava uma multidão animada, criando uma atmosfera de festa, com arraiais e concertos de bandas musicais. Para atender a essa demanda, era preciso transportar, ao longo de vários dias, cargas de loiça com mais de 60 quilos, acondicionadas em cestos largos feitos especialmente para esse transporte e guardados nas casas de amigos em Vila Real. Outro fator determinante para as vendas foi a Estrada Nacional 15, que, com seus pitorescos expositores, perpetuou a imagem da cerâmica preta, conferindo uma aura poderosa à afirmação deste artesanato.