A etapa subsequente é crucial, pois confere à peça a sua resistência e durabilidade. O dia da cozedura é sempre um momento de grande tensão. As peças são transportadas cedo para o forno, que é desentupido e limpo para receber as novas produções. Se houver muita humidade, o fundo é seco com fogo de caruma e outros resíduos miúdos. O mestre começa a arrumar as peças, colocando roncas e outras vasilhas já cozidas sobre a grelha, entre o peão e as paredes do forno. Estas servem de base para as novas peças, que são dispostas com precisão, sejam grandes ou pequenas, com intervalos que permitem a passagem do fogo. Quando o forno está cheio, assume a forma de uma abóbada, com cerca de 2 metros de altura. Sobre as últimas peças, são colocadas outras já cozidas, funcionando como um “chapéu” para o forno.
Com tudo preparado, acende-se uma “chamiça” e uma pequena chama ilumina o interior escuro do forno. Aos poucos, o fogo ganha intensidade à medida que se adiciona lenha de diferentes qualidades pela boca e quelhas. O forno arde por aproximadamente 2 horas, até o oleiro ter certeza de que a cozedura está completa. No final, giestas secas e rama verde de pinheiro são colocadas sobre as peças, liberando chamas e fumo abundante. O ritmo da combustão deve ser mantido constante, e o forno emite sinais através de sons.
Terra preta é adicionada por baixo, e gradualmente o teto e a entrada do forno são fechados, criando uma rápida redução de ar conhecida como processo de atmosfera redutora, que confere a característica negritude e singularidade às peças. Durante a cozedura, a temperatura, que pode ultrapassar os 1000 graus, deve ser mantida praticamente constante até o final. Não se pode extinguir o fogo, caso contrário, a cerâmica ficaria branca. Se o forno começar a fumegar depois de fechado, é imperativo tapá-lo imediatamente para evitar que a cerâmica fique amarelada.
Há um vasto conjunto de ferramentas associadas ao forno e à cozedura, incluindo enxadas, engaços, pás, galhas, picaretas, ranhões, ganchas, rodilhas, cestos e tábuas. Antigamente, quando havia pequenas produções, os oleiros realizavam uma fornada conjunta, conhecida como “poia”. Cada conjunto de peças era identificado por pequenos sinais, como letras, estrelas, meias-luas e outros símbolos geométricos.